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A foto acima foi pescada do facebook, disponibilizada pelo cantor da terrinha, Alberan Moraes, o "nauasakiri brasileiramente dobrado" aqui do local "onde o vento faz a curva".
Segundo o artista, a foto é de 1982, há 30 anos. Acionado o click no histórico " Porto do Cais". Ao fundo o enigmático rio Juruá.
Enigmáticas, também, são as fotografias que revelam o passado e confrontam o presente.
Não posso me por no lugar de quem está representado na fotografia, da mesma forma que não posso me colocar na posição do produtor da foto para saber quais seus pensamentos e intenção. Qualquer tentativa neste sentido seria mera imaginação.
Entretanto a fotografia tem o poder de funcionar como um elo entre dois tempos de modo concreto, porque ali naquele exato instante foi o que viu quem operava a câmera fotográfica e hoje 30 anos depois temos a mesma possibilidade de ver o mesmo espaço e tempo, preso na imagem.
Há trinta anos eu tinha pouquíssimo tempo de mundo e morava a centenas de quilômetros de Cruzeiro do Sul. Não poderia está no mesmo local da foto e muito menos no mesmo instante.
Não conheço as pessoas da foto e tampouco o operador da máquina.
Nada disso, porém, me impede, como observador, de confrontar, ou seja enxergar, a possibilidade de me colocar diante de algo que está aquém do simbólico, do real. E esta é a mágica da fotografia, ela fala por si e te arrasta no pensar.
Pela lâmina aquática, percebe-se a perfeita divisão da água preta do rio Môa/São Salvador com a água barrenta do Velho mais meândrico do mundo. O rio "até a tampa" e o céu plúmbeo, carregado, anunciando mais água, fartura de vida, maior possibilidade de se ligar ao mundo pela estrada natural..
Não posso me por no lugar de quem está representado na fotografia, da mesma forma que não posso me colocar na posição do produtor da foto para saber quais seus pensamentos e intenção. Qualquer tentativa neste sentido seria mera imaginação.
Entretanto a fotografia tem o poder de funcionar como um elo entre dois tempos de modo concreto, porque ali naquele exato instante foi o que viu quem operava a câmera fotográfica e hoje 30 anos depois temos a mesma possibilidade de ver o mesmo espaço e tempo, preso na imagem.
Há trinta anos eu tinha pouquíssimo tempo de mundo e morava a centenas de quilômetros de Cruzeiro do Sul. Não poderia está no mesmo local da foto e muito menos no mesmo instante.
Não conheço as pessoas da foto e tampouco o operador da máquina.
Nada disso, porém, me impede, como observador, de confrontar, ou seja enxergar, a possibilidade de me colocar diante de algo que está aquém do simbólico, do real. E esta é a mágica da fotografia, ela fala por si e te arrasta no pensar.
Pela lâmina aquática, percebe-se a perfeita divisão da água preta do rio Môa/São Salvador com a água barrenta do Velho mais meândrico do mundo. O rio "até a tampa" e o céu plúmbeo, carregado, anunciando mais água, fartura de vida, maior possibilidade de se ligar ao mundo pela estrada natural..
De lá para cá muita coisa mudou.
O cais está abandonado pelo poder público, carcomido pelo tempo, servindo de mictório aos bebuns à noite e nos fins de semana . Sintomático. Cuidar de patrimônio público não rende voto, o passado não comove a opinião pública. Melhor mesmo é investir na comemoração dos dias das mães, tocar o mole coração delas. Maio é o mês do amor...
Revitalizar pra quê ? Isto não enche o 'bucho' dos eleitores famintos, à espera dos messias de pés de barro, dos milagreiros do século XXI que se compadecem com o sofrimento dos mais humildes. A velha tática dos novos coronéis. Isto não mudou.
Já o rio não está mais assim tão belo. Está mais longe do cais e a água preta perdeu a força e a pureza. O igarapé São Salvador agoniza. Em frente ao antigo cais, hoje é depositado a maior carga de lixo urbano trazida pelas águas do esgoto a céu aberto que se transformou o Igarapé do Boulevard.
Do outro lado do rio, o Miritizal, tão perto e ao mesmo tempo tão longe da cidade. Estrada da Variante nem no pensamento. Ponte sobre o Juruá ? Capaz de alguém levar uma surra por tamanha falta de vergonha, se tocasse no assunto. Hoje já não há a distancia física. Espera-se ansiosamente pela aproximação social/econômica. Aí só tempo vindouro para dizer.
As duas garotas, se vivas_ e assim torço para que estejam _ são por agora senhoras maduras na idade, com filhos e possíveis netos. Espero que tenham vivido os sonhos, ou parte deles, idealizados na juventude quando o porto do cais ainda representava alguma coisa para a cidade, quando por aqui "se formar" era o mesmo que terminar o ensino médio, já que o ensino superior era realidade distante.
Se a vida por esta banda já foi mais severina, também foi mais social, mais bucólica. Os cruzeirenses já foram mais cruzeirenses. Hoje estamos mais globalizados, conectados ao mundo. O vento já não faz mais a curva aqui. Compartilhar agora significa repetir as frases feitas nas redes sociais. Foto no cais ? É "lol", ' # fato'. Segue a roda, um dia verão beleza nestes tempos hodiernos. Gostou? Não aperte minha mão, clique em 'curtir'.
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Em tempo: O poeta Alberan Moraes cantará sobre o centenário cais no festival de musica_ Famp, com sua música ÂNCORA DE AMOR
cara, gostei demais. Não só curti, como compartilho...
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