"Ivo viu a uva". Toda uma geração de brasileiros começou a ser alfabetizada com esta singela e aliterante frase. Bons tempos aqueles, livres da raivosa ' patrulha dos politicamente corretos' ou da tropa rancorosa dos ' reacionários politicamente incorretos'
Fosse hoje, teria gente questionando porque não "Eva" no lugar do "Ivo" ou qual pensamento dominante ad eternum estaria escondido na palavra "uva", ou se a uva teria dado permissão legal para que Ivo pudesse vê-la.
Haveria um pessoal preocupado pelo fato de não haver na frase uma menção à cor da uva, o que denotaria um preconceito implícito : " ela é vista por que é verde ou é por que é roxa que não foi citada ? Acabariam esquecendo de frisar que uva pode ser doce ou ácida independente da sua casca.
Teria gente questionando: " Se Ivo pode ver a uva, por que não ser o contrário, a uva ver o Ivo, através de um sistema de cota qualquer ? " E aqueles igualitários aos extremos poderiam sugerir que a frase ganhasse _ para o bem da nação _ a seguinte forma : Se Ivo & Ivão não querem ver a uva, podem perfeitamente ver o pepino porque Deus também fez o pepino ".
Bom, na última hipótese, o difícil seria a garotada soletrar todos os períodos. Quem sabe os " diferentes meritocráticos " ? Talvez. Esse pessoal costuma tirar coelhos da cartola. Hoje tem criança ouvindo romance de Ayn Rand na barriga da mamãe ou aprendendo a trocar Deus por Ludwig von Mises para alcançar o paraíso na terra.
Estes, contestariam se Ivo & Ivão não seriam meros bonecos a serviço dos " esquerdopatas que tomaram de assalto não só o Planalto, como a mente da população menos alfabetizada do país ".
Um coisa eu garanto: não foi porque Ivo viu a uva que surgiram os traumas em parte daquela geração, que inclusive se encontra no poder. Não garanto, porém, se a retirada da frase foi responsável por o Brasil ainda patinar nas últimas colocações de tal ranking mundial sobre a educação.
Então, que deixem o Ivo ver a uva que quiser e deixem a uva se pronunciar por si se quer ser vista. Ela não precisa dos preocupados defensores da vida alheia. Enfim, deixem o Ivo ver a uva ou a fruta que bem desejar, mas não me forcem a acreditar que é "natural" o Ivo gostar de ver bananas desde criança.
E que deixem ao Criador a capacidade de julgar o Ivo e a uva. E se Ivo e a uva forem ateus ? Não é da conta de ninguém: à natureza ( ou à terra ) voltarão, indubitavelmente, independente do que pensem os outros ou eles mesmos.
Vamos ao caminhar, pois duvido se já existiu época tão cheia de pode-não-pode( falo das proibições implícitas ) como os dias atuais. Êh, dias de frescuras !
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