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foto: jornal Voz do Norte (sem o balão) |
Há quem diga que o mago Sales, que tem o sangue da família Messias correndo nas veias, já imitou o Nazareno. Primeiro no nascimento humilde. Um veio ao mundo em um estábulo em Belém, outro nas barrancas paupérrimas do rio Juruá. O Cristo foi carpinteiro, ele zelador de banheiros. O filho de José, marido de Maria, ensinou a dividir o pão. Sales, primo de Orleir e marido de Antônia, divide o feijão com arroz com o povo desvalido que procura o templo sem muros da Avenida, pelo menos em época de eleição.
Antes que me acusem de sacrilégio devo dizer que as coincidências param por aí. Então, que os mais fanáticos não procurem as chagas nas mãos do Midas Juruaense e não queiram me crucificar. O Divino Mestre foi o único ser pensante a pisar este mundo de lágrimas a não cometer pecados. Já o Sassá Mutema do extremo ocidental tem, explicitamente, pelo menos, dois pecados capitais: vaidade e soberba. Enquanto Cristo ensinava a amar os inimigos, o alquimista do norte acreano ganha notinhas nos papiros eletrônicos para menosprezar seus adversários e vangloriar-se de sua empáfia.
Mas eis que agora , na última sexta-feira (01) , em reportagens locais sobre uma invasão de terras, mostra-se outra faceta do mestre Sales. Na ocasião, para fugir da responsabildade, teria lavado as mãos, repetindo o gesto de Pôncio Pilatos, procurador da Judéia na época do Cristo. E tal qual Pilatos, tentou a todo custo passar a responsabilidade para seu desafeto político. O romano jogou a batata quente nas mãos de Herodes Antipas. Sales, o Vagner José, tentou arremessar para Viana, o Tião.
Sales deixou, enfim, de ser milagroso para ser humanamente político. Viana está sendo acusado pelos seus adversários de ter mandado açoitar o povo na capital pelo mesmo motivo de invasão. Este era o sonho acalentado pelo Pilatos cruzeirense: Ver Tião na mesma enrascada no Juruá. Só que como o conto não colou, decidiu ele mesmo lavar as mãos. Para Pôncio o argumento foi falta de culpa. Para a Vagner a " falta de terra" em pleno sertão amazônico. Se ele agora voltasse a imitar a humildade do Nazareno, dividiria a sua fazenda com os seus irmãos necessitados. Mas ele não é Jesus, o socialista. É o romano e fazendeiro.
Resta saber se o povo vai perdoar e esquecer disto na eleição municipal no ano próximo ou vai lembrar, e/ou então, novamente pedir que libertem o Bar-abbas. Pilatos não precisava de votos e nem da democracia para ter o poder político.