sábado, 12 de junho de 2010

É só evitar a soberba.

Definitivamente a FPA é um marco político sem precedente na história acreana. A cada ano seu leque político se amplia.Uma frente deveras multipartidária e consequentemente multi-ideológica.Uma verdadeira Torre de Babel política.

Porém, engana-se quem pensa tratar-se de uma bagunça generalizada. A FPA tem seu rumo e todos até aqui têm falado a mesma língua.E esse barco tem rumo porque tem liderança. E liderança de pessoas e não liderança de partidos. E , talvez , resida aí a mola principal dos seus sucessivos sucessos - sem trocadilhos    - eleitorais.

Muita gente, credita esse sucesso à falta de categoria da oposição.Penso justamente o contrário.A oposição tem sim bons nomes e experiência para fazer frente ao projeto político vigente no estado. Essa visão de não se chutar cachorro morto é maniqueísta e perigosa, porque pode virar soberba e acomodação. Na política não existe cachorro morto. É aquela velha história de que o jogo só acaba quando o juiz termina.

O que falta à oposição ? Falta-lhe lideranças com  uma visão de coesão  de um Jorge Viana. Depois de dois mandatos como Governador  e um como prefeito, Jorge ainda consegue ter uma popularidade alta. Poucos políticos conseguem tal façanha. Podia perfeitamente ser picado pela mosca da soberba e se fechar no seu grupo, sem precisar  fazer mais alianças além das  que já dispunha.

Ao inverso , prega uma maior união entre vários partidos de diversas origens. Alguns opositores podem até contestarem a forma, o que lhes é de direito, afinal estamos em uma democracia, porém duvido que tenham argumentos sólidos como base de contestação para com os resultados até aqui obtidos. 

A oposição não tem um partido com a capacidade de ser leal a causa , a nível estadual , como o PC do B. Não é  casual  que Jorge escolheu Edvaldo Magalhães como seu líder na Aleac e Binho repetiu a dose com Moisés Diniz. E ambos deram conta do recado.Quando Jorge diz que Magalhães é o parceiro ideal para o senado é porque confia que este não fará o que fez Geraldo Mesquita.

E a FPA chegou até aqui também graças ao comprometimento de seus milhares de militantes distribuídos entre os diversos partidos, que em nenhuma eleição recusaram-se a carregar o número que representa as chapas majoritárias, quaisquer que sejam , no peito. Se repetir essa união, a possibilidade de se fazer novamente barba, cabelo e bigode é quase de 100 % .

E isto ocorrendo , restará a oposição somente esperar que um dia o povo decida por uma nova forma de governar, o que fatalmente ocorrerá , o que é natural de um regime democrático. E pelo andar da carruagem, vai demorar bastante. Pelo bem do Acre, deseja-se, que até lá, aprenda alguma coisa, pois não basta ser somente a alternativa. Não basta  se fantasiar  com o novo, quando continua-se sendo o velho.E as vezes ser o novo não significa ser  o melhor.


domingo, 6 de junho de 2010

O cômico e o trágico



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Imagens: quantotempodura.wordpress.com
               www.linguadetrapo.blogspot.com

Quem não assistiu  à entrevista  do pré-candidato do PSDB José Serra no Jornal da Band  perdeu a chance de assistir  a um show de comédia e do tipo pastelão. Tudo porque o entrevistador  era ninguém menos que Boris  Casoy, mais conhecido como o bibelô dos garis.

E como os dois riam. A cada pergunta do Casoy, Serra com sua peculiar simpatia , fomentada pela sua cara de peixe morto respondia iniciando com " eu vou fazer " ,"eu vou resolver" .  Respostas típicas dos Tucanos paulistas. E Casoy ria e bem daquele jeito, sem mostrar a dentadura .

Não sei do riam. Até sei ou imagino, mas aqui é deveras impublicável. Agora eu sei mesmo era o que me divertia na poltrona: a cara de pau do Zé Matá Matá.Sempre arrastando o "r" _ assim a fala fica mais chic _  dizia que "estava preparado" ou "estava pronto" para governar o país.Cômico, não ? Trágico seria dizer aos seus eleitores que não estava.

E onde Serra se preparou ou ficou pronto para governar o Brasil ? Terá sido naquele cursinho intensivo de política em fim de semana, nos moldes daquele aplicado pelo PSDB em Cruzeiro do Sul ? Esse pessoal do PSDB são impagáveis. Inventam cada moda. Daqui uns dias, irão criar o curso em caixinha de como se preparar para governar o país de A a Z. É só o que falta.

Mas voltando à entrevista.De que diabos riam o apresentador e o entrevistado ? Não sei. Só sei que foi o encontro entre o senhor Preparado e o senhor Prepotência. Entre o boca mucha e o boca de sorriso torto.Um não termina o que começa e o outro não sabe quando terminar,  por isso foi pego falando o que pensa dos garis em off .Uma dupla cômica, pelo menos para mim.

Serra é o Zé Vou-resolver.Ele só não diz como e quando. É tudo para o futuro.Talvez seja por isso que a culpa das alagações urbanas em São Paulo é de outro Santo, o Pedro.E culpa da violência em São Paulo é do Evo Morales. E o Serra que Ordena ( verbo que eles também adoram) não resolveu em São Paulo, que tem o maior PIB do pais, com a vantagem de não  ter um território de proporções continentais como o Brasil.E olha que ele está pronto e preparado.

E o Boris ria, simpaticamente, a tudo que falava o Zé Vou-resolver, que Ordena e não resolve, mesmo estando pronto e preparado, ao menos para puxar o "r". E do que eles estavam rindo ? será que foi o contra-regra que estava contando aquela piada do gari que veio da Bolívia e chegou em São Paulo em dia de chuva ? Ou será que havia um grande espelho no estúdio e estavam rindo do próprio reflexo ?  impossível. Vampiros não têm reflexos.

Toda vez que vejo o Serra falando cresce minha convicção de que o Brasil não precisa de um presidente preparado e pronto em caixinha. Precisa só de um presidente. Quem sabe, finalmente, um que possa usar saias, sem constrangimento. Agora, caso Serra seja eleito, nós é que deveremos estarmos pronto e preparados, mesmo não sabendo puxar o "r".  Serra é uma piada pronta e preparada .Isso é cômico. Ele vai fazer ao Brasil o que fez a São Paulo.Isso é trágico

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