E hoje, aos vintes e oito dia do mês de Jó Joaquim, maio, de dois e mil e treze anos da era ocidental, pela manhã de um recém chegado verão amazônico de límpido céu azul, eu o vi :
_ Num solitário poste da Leopoldo de Bulhões, nascida avenida, mas tornada estreita rua suja _ êh, cidade sem jeito ! _ um urubu cantando só.
Não é raro por aqui ver um urubu, deveras. Mas assim tão só e cantando ? Ah, vai...queria eu está feliz pelo Senhor ter me concedido um dia tão límpido de verdadeiro azul quase anil de notícia alvissareira !
Queria ser um bárbaro e afogar as mágoas.
Queria devolver as 'gentilezas' do urubu que agora canta só.
Mas olho para ele agora solitário e o que eu sinto se não é somente dó ?
E que não vale pena chutar cachorro morto, balear um urubu estropiado, leão velho desdentado, quati sem rabo e já pelado.
Porque para não ser, que ele, pior, temos a obrigação de ser melhor.
Não irei ao rio judiar do Judas, fazer troças com balsa e fogos.
A indiferença à tua tardia derrota é a melhor resposta,
Urubu, que já foi rei, mas que agora canta só.