quinta-feira, 23 de maio de 2013

URUBU QUE CANTA SÓ


E hoje, aos vintes e oito dia do mês de Jó Joaquim, maio, de dois e mil e treze anos da era ocidental, pela manhã de um recém chegado verão amazônico de límpido céu azul, eu o vi :

_ Num solitário poste da Leopoldo de Bulhões, nascida avenida, mas tornada estreita rua suja  _ êh, cidade sem jeito ! _ um urubu  cantando só. 

Não é raro por aqui ver um urubu, deveras. Mas assim tão só e cantando ? Ah, vai...queria eu está  feliz pelo Senhor ter me concedido um dia tão límpido de verdadeiro azul quase anil de notícia alvissareira ! 

Queria ser um bárbaro e afogar as mágoas.

Queria devolver as 'gentilezas' do urubu que agora canta só.

Mas olho para ele agora solitário e o que eu sinto se não é somente dó ?

E que não vale  pena chutar cachorro morto, balear um urubu estropiado, leão velho desdentado, quati sem rabo e já pelado.

Porque para não ser, que ele, pior, temos a obrigação de ser melhor.

Não irei ao rio judiar do Judas, fazer troças com balsa e fogos.

A indiferença à tua tardia derrota é a melhor resposta,

Urubu, que já foi rei, mas que agora canta só.

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