Em meio à feijoada encontrei um caroço de milho. E não era um espécime Zea comum não. Era branco. Daqueles de fazer mungunzá, a se misturar com a alvura do côco ralado e do leite.
Causou-me estranheza,aquele caroço solitário. Não estava sozinho, claro. Estava misturado ao feijão, mas sua minoria e contraste eram gigantes. O que fazia ali a destoar do meio, do contexto ?
Minha humana mente, sem fronteiras e nem prisão, passou a imaginar a trajetória de vida daquela individualidade. Viera ao mundo como mais um caroço, como parte de um coletivo menor chamado de espiga, que por sua vez fazia parte de coletivo médio chamado de pé-de-milho, que fazia parte de um coletivo maior, o milharal.
Todos os caroços de milho daquele milharal devem ter cumprido com sua missão. E as finalidades de um caroço de milho neste mundo são diversas. Não acredito, porém, que entre essas atribuições dentro da complexa cadeia terrena, esteja a de enfeitar uma feijoada, qualquer que seja.
O que me intriga, é não saber exatamente onde e o porquê aquele caroço foi desviado de sua função e como veio parar ali naquela realidade estranha ao normal. Obra do acaso ou falha de vigilância ?
Fosse eu um Homo sapiens de inteligência ao menos mediana, de algumas poucas leituras, poderia ter enxergado no fato um motivo para a escalada de uma nova teoria repetitiva _ já que as originais parecem - me esgotadas _ para a explicação da existência, ou da economia, ou da política ou ambas.
Como de costume em caso de crise existencial, procurei auxílio ao Crazebeque, ser irreal, que da existência terrena nunca experimentou, o que lhe confere certa autoridade sobre o que nossa vã filosofia dos vivos não ver.
Desta feita, entretanto, foi desanimador:
" _ Debalde a angustia. Nada de casualidade ou obra do destino. É tudo proposital e maquiavélico. Duvidas ? Por acaso já viste um caroço de feijão, perdido dentro de um prato de mungunzá ou mesmo fazendo parte de uma canjica ? Pois então? É tudo social."
Desalento, resolvi mastigar o caroço de minhas dúvidas. Ops ! E não é que o danado do caroço de milho branco tinha o mesmo gosto dos caroços de feijões ? O que é a aparência ?
Devo diante da experiência concluir que o individuo, por mais diferenciado que seja seus genes e origem, não escapa ao caldo da coletividade ? Se assim o for, a individualidade é só mais uma utopia. Feijão ou milho ? Depende da sopa e todos seus ingredientes.
Sou péssimo para elaborar teorias, nem tanto para devorar feijoadas em dias de sol e calor.
Fosse eu um Homo sapiens de inteligência ao menos mediana, de algumas poucas leituras, poderia ter enxergado no fato um motivo para a escalada de uma nova teoria repetitiva _ já que as originais parecem - me esgotadas _ para a explicação da existência, ou da economia, ou da política ou ambas.
Como de costume em caso de crise existencial, procurei auxílio ao Crazebeque, ser irreal, que da existência terrena nunca experimentou, o que lhe confere certa autoridade sobre o que nossa vã filosofia dos vivos não ver.
Desta feita, entretanto, foi desanimador:
" _ Debalde a angustia. Nada de casualidade ou obra do destino. É tudo proposital e maquiavélico. Duvidas ? Por acaso já viste um caroço de feijão, perdido dentro de um prato de mungunzá ou mesmo fazendo parte de uma canjica ? Pois então? É tudo social."
Desalento, resolvi mastigar o caroço de minhas dúvidas. Ops ! E não é que o danado do caroço de milho branco tinha o mesmo gosto dos caroços de feijões ? O que é a aparência ?
Devo diante da experiência concluir que o individuo, por mais diferenciado que seja seus genes e origem, não escapa ao caldo da coletividade ? Se assim o for, a individualidade é só mais uma utopia. Feijão ou milho ? Depende da sopa e todos seus ingredientes.
Sou péssimo para elaborar teorias, nem tanto para devorar feijoadas em dias de sol e calor.
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