O CREPÚSCULO QUE OS NÁUAS VIRAM UM DIA CHEGAR |
"Eu entendo a noite como um oceano/ Que banha de sombras o mundo de sol/
Aurora que luta por um arrebol / Em cores vibrantes e ar soberano/ Um olho que mira nunca o engano/Durante o instante que vou contemplar. "
Zé Ramalho viu a Beira-Mar, eu eu vi o estirão do rio, " Estirão dos Náuas", caprichosa exceção no mais meândricos dos rios amazônico e do mundo, o Juruá.
A todos que vieram, e foram-se por liberdade ou pela covardia, ou os que aqui se foram e encontram-se perenes, misturados ao barro deste verde mundo misterioso, esquecidos pelo poder, pela ganância, pelo descaso de quem escreveu a história e de quem continua a contá-la.
Àqueles que agora estão em carne e osso, vozes, pensamentos, sonhos, desilusões, revoltas e conformismo com seu destino, perdidos nestas curvas infindáveis e com os pés na lama, repetindo desgraçadamente a história, filme de outro enredo, outros personagens e o mesmo triste fim.
Aos que virão, ainda sem história, sem carne, sem osso , sem sonhos e desilusões. São só projetos de uma força inexplicável. Herdarão esta terra, este rio, este sol, a aurora, o crepúsculo e lerão a história que continua a repetir-se.
Até que um dia, quem sabe, além daquelas curvas , surja um estirão, embora como este nas sombras, e eis que a distância fique menor e então uma meta onde a vista possa alcançar, o Sol minguando no horizonte.
Nas páginas onde o homem não escreve está: " Espírito, Carne, Suor, Sangue, Espírito..."
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