Não sou católico, mas dona Celi, sim. Como não sou eu quem mando em casa e " família unida permanece unida", acompanhei-a na procissão, junto com nossas duas filhas. Tinha ela uma promessa para pagar à sua devoção.
Sobre a procissão e o novenário, requento uma postagem de 16 de agosto de 2010 sobre o assunto. Republico, então, sem tirar uma virgula, mesmo que separe sujeito e predicado. O sentimento é o mesmo, não há o que acrescentar.
RIO DE FOGO LADEIRA ABAIXO
Alguns noticiaram que este ano o novenário em honra à Nossa Senhora da Glória teve um decréscimo de visitante.Abstraíram ser o motivo a concorrência com o Festival do Açai realizado em Feijó, que encerrou-se na mesma data da procissão, dia 15 de agosto.
Discordo dessa percepção. Primeiro porque as missas na catedral continuaram com ótimo público e em se tratando da procissão, eu que já participo da caminhada há mais de 10 anos, ininterruptamente, confesso que não vi essa diminuição do número de caminhante. Pelo contrário, a percepção foi de que o número está cada vez maior.
Segundo, porque as festas do Novenário e a do Açaí não são concorrentes. Uma é religiosa e outra pagã. Em uma a finalidade é espiritual. Na outra é a diversão carnal que fala mais alto. " Uma pela fé, a outra por mulher", como diz o serelepe Crazebeque.
O fato de a Igreja, de forma acertada - e tardia, ter repelido a venda de bebidas alcoólicas no espaço destinado aos comerciantes arrefeceu o ânimo de alguns. Porém, quem gosta de organização, segurança e bem-estar adorou a decisão eclesiástica. E posso garantir que a maioria dos cruzeirenses, católicos ou não, está satisfeita. Não toma o Bispo essa posição e logo a festa religiosa em homenagem à Santa Padroeira estaria se confundido com a festa do vinho ao deus Baco.
A tendência daqui por diante será de as famílias ocuparem esses espaços, outrora dos barulhentos pinguços que sequer sabiam onde ficava a Catedral. Essa multidão preste a cometer todo o tipo de transgressão social não faz falta ao novenário. Façam bom uso do vil metal, para envenenarem seus corpos e vidas em outro local. Opções não faltam. Existem bares aos montes nesta terra dos Náuas para quem tem a "ebriobol" como esporte suar o uniforme levantando os copos.
Não sou católico mas adoro a procissão. Por quê ? Porque é sem dúvida a festa mais cruzeirense de todas, ou a única.. Não existem propagandas e nem marketing oficial. Quem convida é a tradição e esta é o norte. O povo é que ordeiramente a organiza, no mais completo improviso. Ninguém, homem nenhum se beneficia politicamente da procissão. Este é sem dúvida o dia que mais sinto orgulho do povo cruzeirense. É vã filosofia e inútil esforço querer sobressai-se nesta multidão sem guia terreno.
Calcinha Preta é uma atração, sem dúvidas , mas não conseguirá jamais suplantar o andar pausado e imponente desse povo descendo a ladeira do Morro da Glória, como um rio de fogo, visão provocada pela velas acesas e levantadas, orgulhosamente, há quase 100 anos. Este para conosco é o show. É emocionante. E nem é preciso ser católico para sentir o arrepiar. Basta ter Deus no coração, ser tolerante com a fé alheia e acima de tudo gostar de verdade de Cruzeiro do Sul. " [...] Glória,Glória Maria, Mãe padroeira de Cruzeiro do Sul [...]".
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