sábado, 8 de outubro de 2011

A ETERNIDADE DO INSTANTE FOTOGRAFADO _ UMA HOMENAGEM

DA ESQUERDA P\ DIREITA: NÊGO, JAIRO E BETO; CABORÉ, GERMISSON E DÁRISSON

Ainda lembro daquele distante sábado, 26 de agosto de 2010 2000, quando, de moto, partirmos rumo à cidade de Tarauacá. Naquela época ainda era uma aventura enfrentar a BR 364 no trecho Cruzeiro do Sul e a Cidade do abacaxi gigante.

O asfalto só ia até a Santa Luzia, depois era barro vermelho até o ponto onde se localiza o presídio de Tarauacá. Saímos pela manhã. Pegamos chuva na parte sem pavimento asfáltico , comemos lama e fomos chegar ao destino só à noite.

Recordo-me que estava ocorrendo uma grande comício na praça central da cidade. Era gente demais . Como o tarauacaense gosta de política !

O jogo foi realizado no dia seguinte. Fomos enfrentar o time de futsal dos Correios de Tarauacá. Na época, eu era funcionário dos Correios em Cruzeiro do Sul.

Como o goleiro do time não acordou a tempo para o jogo, visto a tremenda bebedeira a qual _  por livre e espontânea vontade _  fomos submetidos na noite anterior, tive que ser deslocado da zaga e fazer as honras  de arqueiro.

Até que me sai bem. No inicio, ainda sob efeito da manguaça, estava enxergando três bolas. E como não sou assim tão sortudo, sempre escolhia a redondinha errada. Resultado: terminamos o primeiro tempo com o placar adverso de 8 a 1.

No entanto, no segundo tempo, com o álcool já transpirado, o time reagiu e fez 8 gols. Eu adotei a estratégia de só ir  sempre em uma três bolas, a do meio, e só sofri mais um gol. Final do jogaço: 9 a 9.

Agora era hora de pensar na dolorosa viagem de volta a Cruzeiro do Sul.

Fiz questão de postar isto hoje. Não  para relembrar de como eu era fisicamente mais decente há 11 anos. Não para lembrar simplesmente da viagem, do jogo em si, da carraspana e das muchachas daquele distante sábado à noite.

 Tudo isto merece recordações. Entretanto, o que me leva  a esta postagem é homenagear José Auricélio Gomes da Silva, o Caboré, que recentemente foi vítima de uma tragédia e morreu no cumprimento do seu dever profissional.

Na foto acima, tirada em um ginásio esportivo de Tarauacá, naquela data, Caboré, é o primeiro agachado da esquerda para a direita.

A foto é a eternidade do instante fotografado. Seguindo os conceitos de Roland Barthes, penso que até o momento a foto acima não tinha passado para mim da fronteira do studium. Hoje captei o Puctum, a flecha que salta, a força que nos puxa para dentro da fotografia.

O tempo passou, cada um foi para o seu lado, na batalha pela vida. Nos tornamos homens responsável, pais de família. Há anos que eu não via Caboré, que não conversava com ele, apesar de ainda morarmos na mesma pequena cidade. O trabalho, os compromissos do dia a dia  e o passar da história nos afasta das pessoas. Assim o é.

Que descanse em paz, nosso ala direito, eternizado nesta decana fotografia, a qual lanço no espaço da net, onde estará livre das traças e do amarelar do papel, imposto ao físico pela natureza. Adeus, Caboré...

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